sou mim
voltar à altura
só existe o agora e o imediato, só existo pelo meu corpo
they tell me
insonia saudosa do soumim
falta ouvir radiohead de olhos fechados
doutora biscoitinho
anda muito barriguda,
mesmo!
eu lhe aperto as batatonas
bombeando pro churumingo
e dou de cara com
um balão bem cheio
e seu umbigo na ponta
bicudo
então eu dou olá pro meu filhinho
redondo ali dentro
com seus chutinho bobo
toc toc quem está aí
até ela soltar dois pum seguido
e eu sair ganindo pegar
as meia de compressão
(que é minha vingança)
Para descer
descobri
no fundo do meu ombro
que estava sempre ali
- num túnel duro, num
buraco de agulha que nunca se fecha e
que na verdade
era por onde ela respirava -
lá do outro lado dessa pele-osso-eu,
espremida entre as placas de eletricidade
entre os dínamos de leão
e a massa atômica
a caldeira, o motor-mundo
a fera e as jaulas, as grades, os dentes:
sim
minha alma minúscula
migalha de gente
ali ficou presa, embalsamada
Passaram-se séculos
como muitos cobertores
num dia frio, pesados
e a dureza da busca de um calor em meio a
(sim)
o vendaval anunciado
que tudo arrancou e de tudo restou já nada
fugiu a família porão adentro
e lá desapareceu
Como abrir, novamente,
o ovo
banhar-me no amarelo da gema mole
espremida entre os pulmões, pingando
grudado de clara seca desde peito até
as juntas dos dedos, o entre-nádegas, a papada
a ramela nas pálpebras
um ovo rachado, quebrado, babando gema quente
dentro de minha barriga, por cima das tripas
e rins, amarela, amarela babada, pegajosa
eu sou uma lata de cerveja se entornando na sua própria goela de anel
eu sou um arroto engolido e fixado no ninho dos ossos
eu sou pneus queimando num microondas vivo
meus dedos pingam óleo diesel
tenho batom no cabelo. batom escuro. rouge,
camadas de maquiagem rímel base botox, laquê!
uma grande ópera ao umbigo magnífico
quem foi que disse que um raio não parte o mesmo coitado de novo e de novo
como machadadas caindo do céu
sou dividido por uma guilhotina ao meio
e minha alma... fica no meio
atingida em cheio
de resto, quem inda tem alma hoje em dia?
sua porta, um poço no meio de um
onde ele pode cair, afundar
onde transborda infiltra inunda encharca
olhem este homem! banhado de alma até os dedos!
pingando! pingando azul-cinza-roxo-lilás
amarelo-sol
as manchas de alma
pela cara, pelas calças
fez xixi? é pizza nos suvacos?
(suvaco do mundo)
a poesia começa nos olhos secos
narinas duras
a língua passeia
gotículas de lindo no meu braço
os pêlos arrepiados dançam
irrompo um carro setenta cavalos a quatro nós,
o vento de barlavento a bujarrona, a
parafuseta os pistões o timbre, catapulta,
aríete, ictiossauro pássaro fênix molho de pomarola borbulhando ácida,
tem spaghetti hoje no meu cerebelo,
jantar de todas as dores e caprichos risos
entupo. ignito. implodo.
jorra champagne do chão, levito alguns centímetros
o fio de palavras rompe a superfícies escorrendo dos gasosos lençóis de sonho como nascente, cortando a paisagem com seu filete:
lembranças encadeadas, se ramificando, empoçando, turbilhonando contidas em grandes barragens e obstáculos ao pensamento...
Se pensar é singrar paisagens, se narrar é percorrer um caminho apontando os acidentes do terreno (suas frestas, seus perigos) para conduzir o viajante -
mas acima de tudo é uma incursão, ainda que conhecedora, cartografando para os outros:
é sempre uma primeira vez:
a jogada de corpo no pensamento.
Ponho-me agora a pegar com os dedos os rastros de outrora: meus próprios rastros.
A bússola que oswalde desenhou me guiou a uma terra incógnita e lá mergulhei, eu me perdi. Mas o segundo momento será já a deglutição de si...
alar-se sem cair no anjo
mãos de pássaro
me envolvendo meu
e subindo
duas profundas mãos se me saindo
costas afora
como expelir o demônio-anjo por trás
da nuca dos ombros do
ponto cego completo, de mim: é dali
que sobe esta leveza poderosa
imperial de
cabelos soltos bonitos ao vento
e cá dentro o alívio sustentado
suspendido
encontrar meu elemento ar não por olhos luz e desejo
mas pelo não ver só soltar-me deixar-me acreditar-me ser-me sem segurar-me confiar-me em mim
quase aquela brincadeira de se deixar cair e o outro tem de segurar que é pra sentir que confia.
"já tínhamos o anjo! era meu corpo alado"
a liberdade do
centro nevrálgico interseção encruzilhada
meu umbigo de costas meu nó
nos pilares do diafragma, na base das costelas lá atrás
- desatá-lo -
deixar-me subir o alívio
a leveza com ombros plantados
são na verdade asas que se abrem me expandindo
descomprimindo desoprimindo
que o centro das tensões é psico-físico
é ele-mesmo um nó mental
que desato
eu desato.
não é que ela não esteja em nenhuma parte
ela não é parte, ela não é de estar.
inlocalizável
abolido espaço
horizonte, paradigma do passo
voltar à utopia, mas incluir nela
o dinheiro, e daí desníveis
coordenadores e coordenados? rupturas?
e daí incluir nela
a maldade, e ser mau e não sê-lo
(a utopia não é só teu seio, teu colo farto
ela também é lágrima dor, navalha)
terá na utopia
(se é que se pode dizer "na" abolição do lugar)
também o tempo? ela é parada ou se move?
ou é uma transformação de distopias;
terá contradições na utopia?
terá o fim? a morte, o medo?
e de que serve a utopia?
se não tem nada disso, se é a só-metade
ela é mulher? é mãe?
não é... ela não tem o verbo ser
abismo na beirada do pensamento
sem chão nem céu
(também não é um vácuo, atração maior
do irreal)
ao simples amor ao sol
e à pele e plantas
uma muda
em meio à ruína do mundo
rachando, desmoronando
é talvez a saída, o último
bastião que resta
(ou nem resta)
baixar a bola
expandir-me nesse pequeno amor...
é prescindir da ambição
que nos preenche o fundo
o céu da alma
(como tem um céu da boca)
de virar a onda
de reverter, de
instaurar
o grande corpo de amor do mundo.
e oscilamos, nessa ambição
e nessa contenção
esperando poder fluir, escorrer
canalizar-nos sem fugir
mas sem carregar o nada nas costas
sonhando a tomada das ruas
sonhando o sol
por toda a pele do chão
primavera
(meu casaco encostado)
O amazonas
- hipótese de haver havido o matriarcado das amazonas -
afinal os maias foram basicamente perdidos
Verão
receptividade
eu digo sim
uma planta verde, o caule
vicejando verde verde que
não quebra, elástico
cresço uma alegria amarela,
meu sol da barriga redonda
eu sou um mundo donde
crescem quatro pernas e
quatro braços. Minha seiva
corre de olhos úmidos, as folhas se abrindo
sim! virão machadadas, mas
com meu sol devoro a merda
como adubo para erguer-me
pináculo de seiva verde
lião de vento
trepadeira
desperto, enrolado nos lençóis de tempo
camadas geológicas se amassam nesse sono inconstante
refluxo do rodamoinho da cama
eu pisco e sou de novo já quem fui dez anos atrás. A página virada
deu a volta, quem diria?
Será esse livro
um caderno de espiral - talvez os relógios são bem certos
com seu eixo no meio. O tempo volta. Tou à beira do comêço dessa vida.
Tava vivendo mas - a página foi, virou.
O tempo muda.
Afastei o cobertor, o quarto
voltei ao travesseiro. Eu sou de novo.
Eu posso?
tinta vermelha
tinta vermelho escuro
tinta de carne
uma pilha de cartuchos vazios com restos de tinta
empilhados
vidrinhos de tinta
potinhos plásticos
garrafinhas várias
da tinta que nunca usei
sedimentados num canto do quarto
enterrados na carne
pendendo, juntando
como uma poça d'água escorrega
para dentro da cama
na rocha rija que nos impede o gozo,
o vão em que me enfio,
corpo e alma, cunha humana,
cinzel para abri-la e vê-la jorrar.
Completo estou, de fantasmas serenos,
que mais valia partilhar, estendê-los em varal
pelo mundo, em sua trama de arames
que impede a rocha de se fechar.
Mais urgente então, encontrar o ritmo,
e, aos solavancos, fazê-los sair,
um a um: vesti-los de letras, estátuas de tinta,
cristais duros que se encaixam,
tomam rumo, formam-se mosaico
e quebra-cabeça. Nenhum nexo
estas letras em solto, mas o que aprendi:
expandir, multiplicar, deixar o duro ritmo das estacas
tomar conta, e a trama, impossível,
se deixará formar.
desenvolvimento, Combustão.
Feito o furo, é só seguir seu percurso, o pior já está feito. Um corte, a caneta fura o papel de repente e a tinta começa a jorrar.
Mas onde deve ser lançado? Onde o furo, onde a brecha, a falha que permite entrarmos, picareta em punho, dentro do quadro?
Estou sentado, pensamentos ao vento, nuvens passam e eu atento, com minha armadilha de pescador.
Lancei um anzol no céu, pra pescar o sol - e de quando em quando, me sobressalto, faço menção de bater a faca: é ali!
mas não, o momento se esvai, ou nada pior que resvalar o cinzel na pedra, riscar o duro. Tomado o ponto falso,
a caneta quebra, a ideia morre... procuro, procuro, o tema, o contorno, a figura falhada que rebenta num fio de pedaços,
tornar-se então isto, um percurso, um gesto, uma jogada de corpo no abismo, um desfiar da nuvem em novelo, algodão,
e esticá-lo, e cozê-lo, tessitura do texto.
tudo era prédio, a perder de vista
enorme massa de concreto, e criadouros
dos animais comestíveis. Eis que
principiou a decadência, novas
galinhas transgênicas, voavam, piavam
faziam ninho no topo do edifício
que por sua vez ruía, virava areia. O mar
apareceu dum enorme vazamento
na fábrica de água. Um cano estourado
para horror dos ambientalistas. E o desastre
somente aumentava, e derrubava
parte dos quarteirões bem-alinhados. A praia
começou na portaria, e foi crescendo.
Peixes de aquário fugidos, viraram tubarões,
antes produtos kitsch, de brilhar no escuro.
Muitos robôs perdidos
e corroídos, perigosos, contribuíram
para a selva. Ferrugem, energia solar,
mais uns quantos em coma, vegetativos,
cresceram musgo e fotossíntese, corpos dormentes,
daí veio as árvores. E as galinhas,
de bico cortado, fugiram
nos mais variados estilos, umas
de asa grande, outras correndo, nadando
sobre dois pés, as mais altas,
já nem cacarejavam, riam
os ovos chocando do lado de dentro
criando nos ninhos, de palha, paredes,
até criarem domésticos, uns animais
humanos, de engordar
e comer.
É assim: teu sorriso gira.
Alguns dizem que é a meia-lua rindo
a simples beirada da lua cheia - eu não.
Sei bem que está ali escondido
um círculo inteiro
rodopiante redemoinho
engolindo navios desavisados;
e que seus olhos são dois torvelinhos
infindos que o cercam;
e fico eu navegando
nos oceanos irrequietos
girando, porque seu sorriso
é a lua cheia escondida
me tragando e me engolindo.
ouvido duvida, ouviste a revista? ouriço ou eriça - o urina ouro...
- Ou vi.
- Espera, você ouviu ou viu? Ou ouviu ou viu! Ou viu ou ouviu - ou viu - ou ouviu; ou viu ou ouviu ou viu ou ouviu ou viu ou ouviu ou viu ou ouviu ou viu -
- Chega que eu intuo tudo telepaticamente
o profeta do prefeito
infectado de defeitos "afetuosos"
- confete na confeitaria
é o quasi çumo
nós quasi sumo... o quê?
- eu conçumo, tu preçumes, ele çume
- tu preZumes, com 's'
- eu açumo, tu reçume
- reZume!
- eu cumo tu comes ele recome
- eu como e recomo, me diz, como?
(interrompendo)
- olha aqui vocês vão parar com essa PALHAÇADA senão eu janto e sobremeso os dois
bate o sino, é hora, é hora d'algo
(doidivana dádiva vívida da vida)
vêm as dúvidas, como zumbidos
vocejando em meu entorno e a tudo levantando
lívidas, erínias, mínimas deusas diablitas
a gorgorejar o paz de esprírito
vade-rectum! lhes desinvoco
descobrir-lhes mudas ao simples
descer das pálpebras e
lavar o céu dos olhos
coreografia
a cor
do corpo,
o acordo
recorda
a coragem
corada
da cor
decora
o couro
do coro,
a cura e a
secura
do coração
quero a cara do carinho, o coração e o coracinho
a querida coroa, a cárie coroada, o coringa! curare
era estação de sismos então máquina do tempo e tudo
cheia de monstrinhos de outra imaginação
você descia por uma hora, um tempo grande
com a chuva já era frio e cheio de rios e mergulhos
(engraçado não ter lembrado jules verne)
lá embaixo tomar banho quente, uma casa num lago raso, piscina e bom
anuncio o cio, negocio
a saia anseia a sua ânsia, o cio cia
esse sinal sem seio
o seu asseio
- Você chupou!
Andam um pouco, pirracentos
- Esse chiclete tem pimenta!
Três garotinhos vêm subir a mangueira carregada que dá sombra às mesas da lanchonete. A mãe lhes deu, a cada um, um pacotinho colorido de salgados, e eles escolhem orgulhosos o galho onde vão comer.
- Melhor subir sem chinelo! Você vai subir sem chinelo?
era real nestes campos da palavra
quem sabia, eu acreditava
agora vejo invejoso
me rôo de gula ante a fábrica imersiva de outrora
os dias dedicados à simples brinca
sem privilégio aos outros, sem submissão
a palavra livre a correr como espada de uma liberdade perseguida
hoje vejo espuma sair-me
tão viciado nas colagens, no redito
só posso sonhar um dia voltar ao já escrito
só posso sonhar - que hoje eu tanto construo
tento criar um mundo, sair lá fora
e mudar
antes tão verdadeiro
hoje eu odeio de haver o dinheiro, mas não lhe cedo
não me curvo e permito que outros mo dêem
não, eu plantarei meu próprio dinheiro
engolir a revolução para que ela frutifique nos outros
a revolução deve ser interna e externa
a revolução nasce nas varandas
na sacada do primeiro andar
não se basta num quarto dentro de um quarto dentro de um quarto
num computador
a revolução acontecerá e na palavra só restarão suas pegadas
o que ouve no ouvido
a tua testa me testando
os pés pesados me pisando
peitos pintados me peitando
a tua pele, pelada, pelando
não me queixo
olho o olho
(toda língua passa pelo corpo)
a língua do linguado
e ela na goela
coloração
linda coração da cor
eu pendurei um lençol e vi
como um espelho você era eu de longe
me vendo esticar lençol e vi
como um espelho sua janela de vidro igual
irmã de nós e eu era o ar
voando como seu nome quando
eu te chamava feliz
cada pessoa é um espelho possível porque
se eu ponho um espelho ali meus olhos entram pelos olhos dela
com a tesoura de jardineiro abri caminho na rede-para-suicídio-involuntário
mas não tinha ninguém dentro
o prédio deitou para dormir, se cobrindo com lençol-de-obra
os vizinhos caminhavam sobre sua pele e se abra- çavam simpáticos
davam bom-dias baixinho pro elevador não acordar
ninguém tava ouvindo por que você tá me ouvindo?
você é a moeda que eu achei
que eu dei pro moço do carro
daí voltou você, na noite. tá errado...
eu tava só conversando mesmo e de repente eu vi que gostava bem
dei beijo que senão cê fugia toda que que acontece.
eu colho seu beijo com as mãos em concha
-meu beijo eram pontinhos perguntando
ela que disse
uma montanha de coisa descia do teto e terminava no pé de cadeira
você empurra e faz o som, da cadeira
ela foi na suécia e viu a primavera
depois de tanto frio
e eu moro numa gaiola dentro de uma gaiola
ela que disse
(espelho de fevereiro)
"I dreamed you were in Brazil. One day you arrived to stay at my place, you and ten other friends. It was very hard to provide beds for all.
Entonces salíamos.
El samba era un volcano en el medio de la ciudad. Nosotros tomábamos un taxi para una de sus lenguas de fuego, donde habría buena música y danza. Pero nos equivocábamos y salíamos lejos de la boca del volcano, donde estaba el carnaval en erupción. Caminábamos y la fiesta adentraba nuestros cuerpos, el calor...
Desperté en mi varanda, la luna lle-
O homem desenhou então a dança negra da escrita diante daqueles olhos cegos. No sono, ela lia sem ver, e tudo ao seu redor nascia e lhe envolvia. Então sua boca abriu, e o mar cantou uma canção das profundezas. Os lábios do homem tremiam e suas mãos suavam, apaixonadas. O peito rugia. O coração se embriagava cantando, o amor sorria. O mar fazia amor dentro deles..."
Regra N° 18: substituir todo "que" por mar
de hoje
distraí
tentava pôr ordem na
lembrança
a
a
a
a nov acalda de cho esp era só eu a brir a nov acalda de cho
colat eque e ucomprei! a nov acalda de cho esp era só eu a brir
ah, meu
ssorvetinhodecreme...
speraassóeuaabrirranovacaudaadechcolatequeeeucomprei!
an ovaca auda d echospera sóeul a briranô vacal dadecho
colatequeeu comprei! comprei! comprei!! anovacaldade chouespéras só euabri r
Tenho vinte e três anos: dois em cima, dois embaixo, seis que é só gurdura, tô devendo meia-dúzia e o que sobrou eu deixei em casa, lavando.
- Nossa, peguei uma idade que eu vou te contar! Não sara nunca!
- Ih essaí tá todo mundo pegando, não esquenta...
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2024
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outubro
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- Um et pousou na terramas ele era muito pequeno.Pou...
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