são poços de petróleo
com a boca toda vermelha
lágrimas negras móem, róem, dóem
eu queria hoje hoje
provar teu gosto fim
tocar fogo na tua língua
com os dentes
feito punhais de febre
os caminhos do corpo
dela...


perdi a trança
soltei
deixei a trança fugir
dos meus dedos
você é um anjo, só lhe
falta um par de asas
me embolei na voz de mel
que me chamava: andré... andré...
embaraçados, mas
o teu perfume sempre ganha
eu, todo enrolado
atando nós
nos teus cabelos
eu quero a sorte de um amor tranquilo
              ser como um triste vampiro
com sabor de fruta mordida
nós na batida, no embalo da rede
matando a sede na saliva

ser teu pão, ser tua comida
todo amor que houver nessa vida
e algum remédio que me dê alegria
eu quero ser como um triste vampiro
voando pelado pela cidade
fazendo zum zum zum zum zum zum zum
com minha capa sombria
a mente tão fria

atrás da felicidade
morde mais forte
que o vermelho
não sai

quando bater à quinta, à sexta-feira
quero os teus dentes de amor
latejando
em mim
eu só queria
que não amanhecesse o dia
que não chegasse a madrugada
eu só queria amor
amor e mais nada
não pisa no que eu chamo de céu
não
não me machuca
com os olhos

não diz pra ninguém
não fála
não canta

não diz não

não pisa no céu
não me ama
isabel, tão bela
ela, no papel

de mel
um beijo, desejo
isabel

isabel
tão linda
bem-vinda
e o teu olho pisou no céu
sem pena.
calma que
assim pode furar

vendredi vênus afrodite



cada lua tem quatro amores
um de sangue
um bebê
e dois fazendo amor


teu coração,
eu nem espero para abrir
vou logo rasgando a embalagem
somando pétalas de flor
um algarismo para cada amor

e eu mendigo, milionário
da sua paixão sem cor
"te deixo sete beijos
que é para durar a semana toda"
o mar é
um céu de água



cardumes
de anjos

lá onde você mora

o sol é uma boca brilhando
sem língua
com língua

na sua cama, sua
lagoa de fogo
o céu é um chão
que só os olhos pisam



e você é um anjo
um anjo pedestre

descalça teus
olhos suados
pra não dar chulé

descalça esses
sapatos sem
horizonte

o céu não é um teto de pedra
não tem óculos nem
chão
é azul
(e um bolo apetitoso
de manhã)


intrometidinha
espionando
detrás do céu, os
astronautas voando

mergulha na cama e vê
os astro-nautas
de submarino
no fundo da noite

o céu é um mar raso
dá até pézinho
vem! a água tá morna
vem!

põe teus olhos de pato
e nada
pra cima, só nada.
Teu corpo tem um céu.

- vamo brincar de astronauta?



... tira a roupa então
tá de manhã, a preguicinha
na cama de sol, meu sono
tudo se me desmanchando
antes
do despertador