Um et pousou na terra
mas ele era muito pequeno.
Pousou no meio de um rio
de formiga: dá licença, da licen-
ça, ele não se dignava a gastar
arma laser com formiga, preci-
so chegar ao presidente do es-
tados unidos! mas onde estará e
aquele papo de levem-me ao
seu líder só funciona nos fil-
mes, meses passando ele já 
casado e com filhos formigas,
barba mal-feita reclamando da
conta de luz sendo que formiga
nem tem tecnologia que tempos
são esses.
e vou dormir ou
fico fazendo coisas
da mais alta importância?
eu giro mal o tempo,
viu? pregar o olho, para quê
se posso ficar aqui lamuriando
qu'estou com sono?
a poesia como
sair de férias
lavrar o inútil
retirar objetivo da ponta
do verbo 
como quem retira baioneta
mastigar o verbo
como um chiclete
não chegar em lugar algum
só obviedades
e zona de conforto
eu mereço. é o melhor que
faço agora. já cumpri meu dever,
não já? as coisas que a gente se inventa...
tudo bonito
e banhado em muita luz
sair de férias e do tempo
o silêncio
onda batendo
barco sal a vela branca
brilho por todo o azul dobrado
e o azul lençol cobrino
realizando muito
e meu filho é lindo
tudo belo e muito iluminado
cheio de muita luz
μεγάλα φοτισμένα
kaváfis
foi bom hoje ligar à graça
que atendeu à primeira chamada
falar de rabanetes
e da grécia
no entretempo de tanta vida corrida
abrir espaço para reencontrar a verdade
as belas formas
queria fazer aula dum instrumento
não pra aprender, só pra distrair
como falei à cabeleireira (uma análise,
um ouvido, um palco)
que delícia era pintar
(era desenhar modelo vivo no méxico)
era meter-me em placas de tinta
era praticar o inútil
tudo tão útil hoje. tantas ambições
me inflando como um balão
cheio de brinquedos, de apostas,
de desafios que de teimoso assumi
Conversar com leo me leva a revisitar aqueloutro andré (e daí marcar-me distinto, mais cínico, mais desiludido...) realmente o que faz o passar dos anos, hoje o mendigo me pediu comida e eu alinhado de passo rápido, ser anarquista não seria diluir-me inteiramente em dádivas? leo fala de dirigir-se às crianças ignorando as hierarquias nucleares, mas omessa essa aposta em infiltrar-se nas grandes torres, perder seu romantismo e se aceitar engrenagem, parte do problema, e tentar fazer o quê que nem sei, inventar sonhos nessa catedral do Estado. Como influir, realmente? canso-me do RJ, mas é uma boa questão o RJ, e lembro lopreato falando d'eu invocar o Brasil todo, como queria, mas sempre subordinado a entender o RJ, sem querer alçar-me a falar de tudo, que seria excessivo. Está bem, mas como influir, realmente? A política oficial, é uma pena afastar-me dela, mas também um alívio? É um caminho distinto, é um caminho que eu talvez inda volte. Mas não agora, agora é falar mal do agronegócio, falar do Brasil e da América Latina, falar grande, que sei eu, ganhar espaço em debates. Conhecer muitas gentes, coordenar e saber fazer isso de letra enquanto estudo coisas. É isso ser anarquista? Surfar posições, com visas a quê? Ah que sei eu, mas também, sem lembrar esses grandes idealismos, não sou inteligível. Sou inteligível, afinal, quem é - os outros parecem muito, com questões muito burocráticas e irrelevantes. Já leo, realmente, será - com sua gaveta infinita, hoje tentei uma aproximação desinteressada, sem tanto idealismo da publicação - eu que solto ideias todas ao vento, e livros não-publicados tenho por falta de edição, já que sei o pós-trabalho - e leo falando de já ter sua estrutura e só ir preenchendo, em uma disputa até sua morte, valha-me. Será possível contorná-lo, será saudável (para mim o esforço, para ele a exposição, para nossa amizade essa tensão agora que estamos num equilíbrio profícuo)?