um grande título, não?
ora tão poderoso, apontando uma digressão curiosa, pedindo mistérios;
leva-nos a expectativas de um quê de escalas algo requintadas..
pois bem, vou contar o grande segredo: este título impediu seu texto de sair.
melhor, este título matou seu texto. sim! que é perigoso dar títulos;
em verdade, é muito perigoso dar mesmo nomes às coisas.
desde há muito venho percebendo uma característica profunda, sutil,
que passa pelas entranhas do denominar, em todas as suas pompas cognitivas;
oh! isto se chamará Y, ah! aquilo outro agora será X;
e os belos dicionários tão bem encadernados, capas de couro, e páginas finas de qualidade, com fontes bonitas, cheiros agradáveis;
que mal sabem tolos: dicionários são muito instrumentos diabólicos de uma vontade de sabe-se o quê,
longas listas de nomes, meus caros! não percebem?
se quando proclama o léxico: tal objeto se caracteriza por tais e tais atributos, move-se de tal forma, tem tais cores;
muito diz: tal objeto cometeu tais e tais crimes! tal objeto deve portar-se assim; se encontrarem-no doutras formas destruam-no! prendam-no! tal objeto não deve jamais sair dali!
ah! nomes ferramentas da não-liberdade!
títulos que aprisionam as palavras nelas mesmas, não, não,
prefirível nem dizer então.
jamais dar títulos - uma postura válida;
se todos os títulos mentirosos, tentando roubar a si suas glórias e reinar na página;
daí aliená-los, pô-los sem conexão com os súditos, torná-los algo como texto à parte mas paralelo, brincar com as mil possibilidades de suas relações políticas, recusando a mania monárquica que lhes vem tão naturalmente.
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2 comentários:
vai ver por isso minha professora mandava fazer o texto todo e depois pensar no titulo.. pra nao sair esse tipo de revoluçao
o título matou o texto, mas o texto saiu, e matou o título: desaprendizagem.
gosto do protesto.
mas acho: diabólicos de uma vontade de sabe-se o quê um argumento bobo.
enfim, o título é muito bom mesmo. mas o texto sobre o título tb, pq eh inusitado, ou, inédito
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