- Não, nada de nananinanão de nada, dona danadanadona!
nem garfadas nem garbruxas, um leito de almafadas e alfáceis úlmidas
almafácida, como algema de ovo
algemidos de gelar o osso
um tecido almofadado, calmo, clamufado - clamores abafadados

fada da alma, féerica alma da almofada, alfado da almoface
algumofada bruxa da broxada, minha ochecha echonchuda

plantei alface mas deu difíce
fácil fécil fícil ou difícil? misturado, difácil e físsil
primeira-feira... 
cuidado pra não cair no buraco negro da doideira
aproveitando tudo isto, que é palavra, é voz, som para analfabetos mas também desenho, partitura para recitarmos, ou, finalmente, hieróglifo: escrever seria esse ir e vir de cores recitadas e seus ecos; "são músicas, são das musas".
um apartamento lá no fundo da terra
era estação de sismos então máquina do tempo e tudo
cheia de monstrinhos de outra imaginação
você descia por uma hora, um tempo grande
com a chuva já era frio e cheio de rios e mergulhos
(engraçado não ter lembrado jules verne)
lá embaixo tomar banho quente, uma casa num lago raso, piscina e bom

anuncio o cio, negocio

anuncie o cio
a saia anseia a sua ânsia, o cio cia
esse sinal sem seio
o seu asseio
errei a rua, raios!

- rá rá rá, ria o réu, arria a ré, a rua, oh! rá rá rá, o horror! irra! irra!‏
a) menina
b) ijou o menino
c) gostou, se não gostou
d) morou!
- Tetas tão dotadas, as tuas, todas as duas: estatuetas do tato tido, aí detido.
- Tá doido, tá redoido?
- Redondo?
- Dedo, tá dado.

O Casamento da camisa com o vira-casa da encasacada.



Nós duas
de danadas, nuas
nadando doidas de dar nó
dia dois, às duas.
gravidade da lua, pulos lentos
deitar na parede, e cair
deitar no teto, sentar
quéru mais bagunça só par num gatilista, tendeu nom? boligude no asfalto alto
só pra mor di vê que qui sai da lêtra
ê letrão! aí sim, nóis pega fogo
êh! êh! ehê!
quero-quero
pássarim, eu, sim
quero-quero
teadoro teodora
teadorar dorada
quero sim

elis passarão
eu passarim

na-na-ni-na-nim
só uma pergunta piolha
hoje o dia tá crescendo engraçado...
- Cadê o chiclete? Tem mais um?
- Você chupou!
Andam um pouco, pirracentos
- Esse chiclete tem pimenta!
Três garotinhos vêm subir a mangueira carregada que dá sombra às mesas da lanchonete. A mãe lhes deu, a cada um, um pacotinho colorido de salgados, e eles escolhem orgulhosos o galho onde vão comer.
- Melhor subir sem chinelo! Você vai subir sem chinelo?
gosto quando dizem "fazer sentido"
quase como fazer bolo

- você não está fazendo sentido!

ela tinha os cabelos d'alguma cor que não o negro
seus olhos não eram azuis, ela


curvo-me ante a beleza da anarquia de outrora
era real nestes campos da palavra
quem sabia, eu acreditava
agora vejo invejoso
me rôo de gula ante a fábrica imersiva de outrora
os dias dedicados à simples brinca
sem privilégio aos outros, sem submissão
a palavra livre a correr como espada de uma liberdade perseguida
hoje vejo espuma sair-me
tão viciado nas colagens, no redito
só posso sonhar um dia voltar ao já escrito
só posso sonhar - que hoje eu tanto construo
tento criar um mundo, sair lá fora
e mudar
antes tão verdadeiro
hoje eu odeio de haver o dinheiro, mas não lhe cedo
não me curvo e permito que outros mo dêem
não, eu plantarei meu próprio dinheiro
engolir a revolução para que ela frutifique nos outros
a revolução deve ser interna e externa
a revolução nasce nas varandas
na sacada do primeiro andar
não se basta num quarto dentro de um quarto dentro de um quarto
num computador

a revolução acontecerá e na palavra só restarão suas pegadas
eu tô com defeito
um barulho
no peito

não chora, agora
que só piora

o que ouve no ouvido


a tua testa me testando
os pés pesados me pisando
peitos pintados me peitando

a tua pele, pelada, pelando

não me queixo
olho o olho
(toda língua passa pelo corpo)

a língua do linguado
e ela na goela
coloração
linda coração da cor


teus olhos ácidos
tuas costelas de ódio

caleidoscópicamente
um pé aqui e outro lá


lá fora, no náo-estar-aqui


colosso de rodes
tirar os mamilos (carnaval)
reimplantá-los noutro lugar

barbiezar fotos pornô
bacias hidrográficas
raios, raízes, ramos
veias (pulmão), os dedos
o tempo bifurcando
eu lavei minha própria língua
com lágrimas doces
minhas horas menores
meu relógio, tamanho P

(vejo os outros como crianças pobres
vestindo roupas enormes
com tanto espaço que cabiam
mais umas dez)
amar é como
chuva, vai..
                  saindo
          pra todo lado

quando a gente vê
tá encharcado


(onde foi
meu guarda-chuvas?)