"tantas palavras que sufocam
nem dá vontade de sentir porque nem parece meu
sou invadido de emoções clichês, entro nesse território de que já se disse tanto, que antes mesmo de entrar já sei, já sei de tudo, já sei do não saber;
festa da linguagem repisando tudo!
e me vendendo doces que não quis comprar
eu, que sempre amei aquelas as que menos palavras tinham
sempre me divertia justo quanto menos entendia
e agora todos sabem
e agora todos podem dizer, e é isto, e é aquilo
e esta agonia de não conseguir sentir em paz
porque é muito difícil ser original
quando tudo que faço entrou em seus termos mais literariamente óbvios
e tudo tão previsível
que meus rumos nem já são meus
são dessa vontade alheia, óbvia, externa
e quanto mais me sinto joguete, títere
me irrita, e nem consigo mais falar
afogado nessa rede de fofocas interminável
quando tudo que sonho se passa sempre fora do discurso
e minha felicidade se dá nesse passar à linguagem
esse parto que é o batismo das novas dores que ninguém jamais sentiu
mas hoje só sinto o usual, só piso pegadas já pisadas"
sou pedaço de mim, eu e minha avidez
somos dois
silêncio no cais da vida!
e os navios custam a zarpar
os cabelos soltos, negros
passeando sobre as costas nuas
a palavra-labirinto
uma alma composta de seis paisagens
e uma sétima unindo tudo (japão)
junho e,
eu juro!
sou desses viciados em confessionário
no meu
gosto de selva, de minhocas nas mãos, de terra marrom-tempero no brim das calças brancas,
gosto de mapas de papel amassados dobrados recortados e cheios de círculos nos nomes pequeninos
dívidas de lindt da
comedora de tomate
feito maçã,
nos banhos escuros ela
adora zebras
escavações descobriram a máquina de criar o mundo do poema
que dia - que hora, aqui onde está o sol vocês fecharam todas as cortinas
o homem rato comia quando tinha fome e dormia quando sono
linhas de tempo espiralavam por todo o quarto como teias de aranha enovelando-se
às vezes a porta abria
o homem-rato se encolhia num canto assustado
O indivíduo nessa condição não é como um motor que funciona perfeitamente até que se acabe o combustível e pára de funcionar; é mais parecido com um carro velho que por vezes funciona de maneira adequada, apresenta deficiências, melhora e, depois, deteriora profundamente seu funcionamento e assim vai indo de maneira inconstante.
porque pra mim, muito pior do que o texto é o calor!
...meu corpo evaporava e gritava hmmm!
os poros exclamando com suas mil boquinhas
e meu coração numa panela
cozinhando 
ele conhecia a floresta como uma mulher conhece o marido
o estômago não nasceu na gente
um dia o homem pegou o estômago
e guardou ele dentro da própria barriga

(os nuer)
ele vive num mundo
que perdeu as paredes
   (ele ouve o contínuo)
antes tudo era prédio
o mar vinha e batia
a ressaca, na minha portaria

a praia nasceu ali
onde era o 406
antes tudo era rua
os carros desembestando

um acidente: pam!
a ambulância parou
a maca, o contorno do corpo no chão
a fita de isolamento

e aí nasceu a cidade
os prédios rebentando por entre faixas de pedestre
as minúsculas foram inventadas no século terceiro antes de cristo

(a pontuação e o espaçamento também)
Quero amar a seco
à flor d'água,
teus lábios pintados de azul.

Risca minha pele fria
com teus dedos salgados
mas não mergulha, não fura
esse espelho sem fundo
(não pisa no que eu chamo de céu);

Quero amar a seco
à flor d'água,
teus lábios pintados de azul.


- você não tem um aparelho chamado amorômetro que faz bip bip bip e pronto.

(ué mas e amanhã professora?)
eu não tenho relógio porque o tempo é relativo. as pessoas são relativas. 

(ele faz de novo, faz de novo, tá te fazendo de idiota)
hoje nós temos registrado no conselho mundial de igrejas setenta e dois nomes de deus
te vi esticando a roupa na janela
eu pendurei um lençol e vi
como um espelho você era eu de longe
me vendo esticar lençol e vi
como um espelho sua janela de vidro igual
irmã de nós e eu era o ar
voando como seu nome quando
eu te chamava feliz

cada pessoa é um espelho possível porque
se eu ponho um espelho ali meus olhos entram pelos olhos dela


o céu brigou e não ficou mais em cima
desceu caquinhos de ar em gota
tudo chamou-se azul e brincou

o ônibus pisava nas poças de espelho
as pessoas entravam em guarda-chuvas
e eu ouvi um ronco de fome, lá no alto (juro!)

o homem de havaianas na chuva
seguia sério em sua baita resolução
as havaianas ele levava em sua mão
seus pés felizes espraiados pelo chão
quando o prédio deitou eu andei até a varanda ao lado
com a tesoura de jardineiro abri caminho na rede-para-suicídio-involuntário
mas não tinha ninguém dentro

o prédio deitou para dormir, se cobrindo com lençol-de-obra
os vizinhos caminhavam sobre sua pele e se abra- çavam simpáticos
davam bom-dias baixinho pro elevador não acordar




olhando bem,
é só ar
o vento desmanchando
as nuvens de tempo
- acho que vi uma girafa
um chapéu, um rosto
azul-céu
os olhos
rosa, rosa
as bochechas róseas


lipa
encontrei meus lábios boiando
em formol azul
a (linda) casa
onde ela morava
tinha cabelos
em vez de teto

em vez de
tudo
(e se não sonhamos? 
"sonho" já é palavra.
e se dormimos e...

...e isso nos mancha de sonho (palavra)
transbordando da noite pro dia)
tava funcionando por que-
ninguém tava ouvindo por que você tá me ouvindo?

você é a moeda que eu achei
que eu dei pro moço do carro
daí voltou você, na noite. tá errado...

eu tava só conversando mesmo e de repente eu vi que gostava bem
dei beijo que senão cê fugia toda que que acontece.

eu colho seu beijo com as mãos em concha
-meu beijo eram pontinhos perguntando
ela que disse

uma montanha de coisa descia do teto e terminava no pé de cadeira
você empurra e faz o som, da cadeira

ela foi na suécia e viu a primavera
depois de tanto frio

e eu moro numa gaiola dentro de uma gaiola
ela que disse
chuva de cavalos-marinhos
primavera
ts-ts-ts-tsss

quero um lençol de vento
a céu aberto


eu tenho o coração engarrafado
Para voar
(espelho de fevereiro)

"I dreamed you were in Brazil. One day you arrived to stay at my place, you and ten other friends. It was very hard to provide beds for all.
Entonces salíamos.
El samba era un volcano en el medio de la ciudad. Nosotros tomábamos un taxi para una de sus lenguas de fuego, donde habría buena música y danza. Pero nos equivocábamos y salíamos lejos de la boca del volcano, donde estaba el carnaval en erupción. Caminábamos y la fiesta adentraba nuestros cuerpos, el calor...

Desperté en mi varanda, la luna lle-
"...e ele mergulhou nas pálpebras cerradas dela. Ela dormia, mas em seu sonho foi tomada por um pêso e fechou os olhos. Ela não despertara, mas seu corpo agora via.
O homem desenhou então a dança negra da escrita diante daqueles olhos cegos. No sono, ela lia sem ver, e tudo ao seu redor nascia e lhe envolvia. Então sua boca abriu, e o mar cantou uma canção das profundezas. Os lábios do homem tremiam e suas mãos suavam, apaixonadas. O peito rugia. O coração se embriagava cantando, o amor sorria. O mar fazia amor dentro deles..."
artista plástico?
essa escultura aqui é de plástico?
então não, é.. artista de ferro-
a árvore dentro da terra
o estuário no céu
uma estante de livros cai por cima dela
eu tenho um plano de saúde:
amanhã vou tossir muito
terça-feira vou espirrar

é um plano saudável
tu sabe que eu num tenho nada que me queixá deles não
num tenho memo
não entra no relógio
que eu entrei

você não sei no que estamos se metendo
eu debaixo do amor e o amor debaixo d'eu
quero fazer você sair
         da roupa
                 você sair
      sem roupa
410 d.C.
Roma é saqueada pelos visigodos.

529 d.C.
Fim da era greco-romana e início da Idade das Trevas.
“coisa de amigo, tá ligado.
 eu perdi a cabeça dei três socos na cara dele.”
- é ruim hein. eu não sou o tipo de pessoa que você está pensando não.
isso aí é uma coisa que você não viu, que você não tem certeza.
jamais eu - jamais eu faria uma coisa dessas
olha, você - você não me conhece
não me importa perder tempo
só quero saber dos presentes

é sempre natal
e verão

joga uma bola de neve em mim
quem não seguir esse calendário

Regra N° 18: substituir todo "que" por mar

uma grande parte do dia
de hoje
distraí

tentava pôr ordem na
lembrança

a que foi sonho
a que foi eu
a que foi ela
gosto do seu gostinho
do seu beijo seu narizinho
de ficar gostando do sabor
doce
quero te dar um susto
acabar com esse soluço
hic! hic!
a sua língua pula
de soluço
vou morder ela hein
hic hic nhac!
não te deixo respirar ouviu
minha boca
bebe
a sua
um beliscão no seu nariz
                                     de amor

prendi teu espirro
te fiz engolir o soluço
viro o mar por entre seus lábios dourados

engasga de mim
é a lei
do vagabundo...
meussorvetinhodecreme...
esp era só eu a b rir a nov acalda de cho colat eque e ucomprei!
a nov acalda de cho esp era só eu a brir a nov acalda de cho
colat eque e ucomprei! a nov acalda de cho esp era só eu a brir

ah, meu
ssorvetinhodecreme...

speraassóeuaabrirranovacaudaadechcolatequeeeucomprei!
an ovaca auda d echospera sóeul a briranô vacal dadecho
colatequeeu comprei! comprei! comprei!! anovacaldade chouespéras só euabri r
você é de lamber os dedos
chupei vinho dos teus lábios
teu gostinho de uva

vou te chupar todo o vinho
te lamber o dedinho
morder teu mindinho
saber o teu gostinho
deixa de amor
deixa disso
todo chão tem um início
no fundo do precipício


em cima do teto o teto de água
voando
descendo sobre mim
e o teto de luz
me cobrindo
O prisioneiro bebe, bebe, bebe
de uma caneca sem asa
Olha eu sou quatro quilos mais velho que você, e dois anos mais alto. Não vale encolher a barriga! E nem adianta ficar na pontinha do pé, ouviu bem? Idade não se discute.

Tenho vinte e três anos: dois em cima, dois embaixo, seis que é só gurdura, tô devendo meia-dúzia e o que sobrou eu deixei em casa, lavando.

- Nossa, peguei uma idade que eu vou te contar! Não sara nunca!
- Ih essaí tá todo mundo pegando, não esquenta...
"Eu adoro fazer isso e não interessa muito se sou incompetente ou não."
Mas eu sou o único cidadão livre desta formosa cidade, porque tenho um canhão no meu quintal.
O homem é um microcosmos! Por assim dizer, um resumo da terra e como tal é guiado por leis imutáveis e eternas. Estou de acordo com essas idéias provadas pela ciência. Porém, há as erupções, há os cataclismas!

Ontem, berrei para Lalá:
- Defendo o direito das convulsões sísmicas!

Dorotéia é o meu Etna em flor!
Salve Dorotéia!
Dançarina dos tangos místicos, flexão loira, boca onde mora a poesia.

você pediu meu coração

mas eu só tinha coracinho

não faz carão
faz carinho...
que horas são
quero te ver
onde cê tá
cadê você

meu coração é um despertador
desperta a dor
só de te ver
a luz não é dos olhos
o sol é quente
o tempo não é uma linha, um fio
e o fim é só um número
num papel
o que eu queria
era viver
montado na bicicleta
sem hora de devolver
- Como é que tá o céu hoje?

Ela estica a mão pra cima, fica na ponta do pé, tentando pegar.

- Tem um furo em cima, ó. Buracão mesmo.
De dia o buraco desce e encosta na minha cara toda, quente.
Daí eu tateio, tateio, atrás duma sombrinha...

- É céu,
céu é o nome do buraco
"ai, ai ai ai
minha amada
ai, que carnaval

nosso amor
vai acabar...

em água

e vai sair no jornal"
"e cadê a sexta-feira?
se ela tá na otra beira
dessa piscina de hora
que não vai acabar?

eu não aguento de coceira
esperei minh'a vida inteira
um amanhã que só demora
que não me deixa respirar?

ai, ai ai ai
eu vô me afogar!"
tô num mar sem fundo
a areia só vai daqui-ali
ela chegou
em uma nuvem doce, doce
foi o vento que me trouxe

só não rima com a-

é febre, o meu calor
e o seu é pura cor
ou ardor
ou ar, ou dor
um céu em flor

não tenho nem onde pôr
meu calor é
febre

o seu é amor

(água morna,
borra mim)

não vejo
fundo

a sua nuvem,
doce, doce

o céu é amor
um avestruz, só
pra nadar pra baixo

(os pés no céu
pra dar impulso)
o amor que tu me destes
era pouco e se quebrou
o anel que tu me tinhas
era vidro e se acabou
                         arreben
      teu corpo                 tan
                                          do

violento,
            violenta

        em marés
violetas

                  contra os meus dedos

escondi meu coração
no FREEZER





(... quem que tirou da tomada?)
" não vem com essa
  você não fez por merecer
  eu não sou infantil
  infantil é você "
você me
tira o
ar

me enche dessa
sede de você

quando é
que eu vou
te comer

na sua cama
ou
num céu
de amor
não chora, namora-deira
deixa o teu corpo con-tar
o que ele acha do mar
o que ele acha do mar, de amor

não chora, namora-deira
deixa o teu corpo can-tar
o que ele acha de amor - no mar!
o que ele acha de amar
medo do amor sair
pela boca

do amor
vestir
meu corpo

vestir de
andré

eu não sou
o número
certo

não tem número
é


.

(imagina se
o amor levanta
e eu cai?)
eu te amo mas você está louca
só pensa na minha boca
não come não dorme não ama
não sei do que você reclama
são poços de petróleo
com a boca toda vermelha
lágrimas negras móem, róem, dóem
eu queria hoje hoje
provar teu gosto fim
tocar fogo na tua língua
com os dentes
feito punhais de febre
os caminhos do corpo
dela...


perdi a trança
soltei
deixei a trança fugir
dos meus dedos
você é um anjo, só lhe
falta um par de asas
me embolei na voz de mel
que me chamava: andré... andré...
embaraçados, mas
o teu perfume sempre ganha
eu, todo enrolado
atando nós
nos teus cabelos
eu quero a sorte de um amor tranquilo
              ser como um triste vampiro
com sabor de fruta mordida
nós na batida, no embalo da rede
matando a sede na saliva

ser teu pão, ser tua comida
todo amor que houver nessa vida
e algum remédio que me dê alegria
eu quero ser como um triste vampiro
voando pelado pela cidade
fazendo zum zum zum zum zum zum zum
com minha capa sombria
a mente tão fria

atrás da felicidade
morde mais forte
que o vermelho
não sai

quando bater à quinta, à sexta-feira
quero os teus dentes de amor
latejando
em mim
eu só queria
que não amanhecesse o dia
que não chegasse a madrugada
eu só queria amor
amor e mais nada
não pisa no que eu chamo de céu
não
não me machuca
com os olhos

não diz pra ninguém
não fála
não canta

não diz não

não pisa no céu
não me ama
isabel, tão bela
ela, no papel

de mel
um beijo, desejo
isabel

isabel
tão linda
bem-vinda
e o teu olho pisou no céu
sem pena.
calma que
assim pode furar

vendredi vênus afrodite



cada lua tem quatro amores
um de sangue
um bebê
e dois fazendo amor


teu coração,
eu nem espero para abrir
vou logo rasgando a embalagem
somando pétalas de flor
um algarismo para cada amor

e eu mendigo, milionário
da sua paixão sem cor
"te deixo sete beijos
que é para durar a semana toda"
o mar é
um céu de água



cardumes
de anjos

lá onde você mora

o sol é uma boca brilhando
sem língua
com língua

na sua cama, sua
lagoa de fogo
o céu é um chão
que só os olhos pisam



e você é um anjo
um anjo pedestre

descalça teus
olhos suados
pra não dar chulé

descalça esses
sapatos sem
horizonte

o céu não é um teto de pedra
não tem óculos nem
chão
é azul
(e um bolo apetitoso
de manhã)


intrometidinha
espionando
detrás do céu, os
astronautas voando

mergulha na cama e vê
os astro-nautas
de submarino
no fundo da noite

o céu é um mar raso
dá até pézinho
vem! a água tá morna
vem!

põe teus olhos de pato
e nada
pra cima, só nada.
Teu corpo tem um céu.

- vamo brincar de astronauta?



... tira a roupa então
tá de manhã, a preguicinha
na cama de sol, meu sono
tudo se me desmanchando
antes
do despertador
o céu é todo um bolo
com recheio de astronauta

não sabe brincar?

o teu amor é meu
esconderijo

(atrás da cortina
debaixo da
cama)

só não vale ficar de altus
a língua
essa
fatia de carne
lambida

(violando os
lábios cerrados)
essa, essa
intrometida
o teu amor é feito a luz
da lua cheia
contra meus medos do escuro

ah minha amada, mas quem me dera
fosses igual uma lanterna
com um botão de desligar
é uma gata e quer comer minha língua-gua

eletrodomesticado

eu quero o amor luminoso,
como um abajur
com botão liga-desliga
por que os teus lábios
são tão difíceis de beber?

teu beijo é antigo
até: empoeirado

em cima ou embaixo?



amor
debaixo do
eu

me flagrou dormindo, com seu amor
inimigo

foi uma longa manhã
me cobrindo
com a língua

dormindo
no leito
dum rio
de beijos
desabotoei seu coração
botão por botão
e agora ele não fecha mais

de cabeça pra baixo

o teu amor medroso
se escondendo
debaixo do meu

a praia

fui na tua boca tomar sol
brincar de castelinho
com teu amor de areia

ai e você
dentuça, a bóinha nos braços
pisando descalça
nas minhas juras

é uma praia nudista, baby
tire toda essa roupa
não sabe brincar?
um castelo de
cartas
esp-atif-ou

ele foi presquina
fechou foi na casa
a ponta-scapou
desm-oron-ando

no fim
ouvindo as imagens do
homem que não
usa
nossa
língua

mas usa.
maior que castelo
quando
me gritar

o grito
maior que mim
me rasga a
voz

mas um
malabarista -

o chão entorta
de bom
de
rodando sim

lembrei que
os urros
e palmas
não falam

quando tu é
sim é eu é
dúvid
é humano

sai luz
colore corpo

precisava dizer
(precisava lembrar)

a gente
é menos
sozinho

quando canta
Por favor,
cem beijinhos.





- não?
a menina
sua boca de baixo
sangrando
UM GRANDE BEQUE
de amor
compro namorada com ouvidos
eu só queria ir pra cama
encher os lençóis de beijo
e beijo e beijo nas saudades

amava ,
o travesseiro transbordando
o cheiro dela
minha fronha querida
injeções de boca

uma vitamina de beijinhos
dou cursos de
ficar nu
tomar banho
coçar
- Quieta!
Me dá a boca.
Agora.
o costume de
deixar sua boca doce

uma vítima
entre lábios de chumbo

que vontade de engolir
os beijinhos, tantos!

mas deixe de
amor
me enrolei na pele dela
quentinho mas
nada

a mulher não tinha cheiro
nudez tão
egoísta
o elefante atômico
em cada pata um já-nem-sei
ela andava torta de desejo
meu amor
isso não são flores
beijava a senhora gorda
desabotoava seu coração
com meus dedos

mas o fecho era na frente
dobrei, bem dobradinho
aquele coração
guardei no meu bolsinho de botão.

A senhora gorda não viu.

sentou em mim,
em cima do meu coração
de frango
microondas de cores
cozinhando sua
pele tinta

(as coxas de franguinha tenra
assando para meu jantar.

mais um minuto
daí faz plim
e é só cortar.
o bebê-elefante
molhando a tromba
na tinta,
azul

mergulha o nariz
na água, no sal
no gelo.
o cabelo prendeu na moldura e
choveu,

um incêndio perfumado de xampu.