o céu é todo um bolo
com recheio de astronauta

não sabe brincar?

o teu amor é meu
esconderijo

(atrás da cortina
debaixo da
cama)

só não vale ficar de altus
a língua
essa
fatia de carne
lambida

(violando os
lábios cerrados)
essa, essa
intrometida
o teu amor é feito a luz
da lua cheia
contra meus medos do escuro

ah minha amada, mas quem me dera
fosses igual uma lanterna
com um botão de desligar
é uma gata e quer comer minha língua-gua

eletrodomesticado

eu quero o amor luminoso,
como um abajur
com botão liga-desliga
por que os teus lábios
são tão difíceis de beber?

teu beijo é antigo
até: empoeirado

em cima ou embaixo?



amor
debaixo do
eu

me flagrou dormindo, com seu amor
inimigo

foi uma longa manhã
me cobrindo
com a língua

dormindo
no leito
dum rio
de beijos
desabotoei seu coração
botão por botão
e agora ele não fecha mais

de cabeça pra baixo

o teu amor medroso
se escondendo
debaixo do meu

a praia

fui na tua boca tomar sol
brincar de castelinho
com teu amor de areia

ai e você
dentuça, a bóinha nos braços
pisando descalça
nas minhas juras

é uma praia nudista, baby
tire toda essa roupa
não sabe brincar?
um castelo de
cartas
esp-atif-ou

ele foi presquina
fechou foi na casa
a ponta-scapou
desm-oron-ando

no fim
ouvindo as imagens do
homem que não
usa
nossa
língua

mas usa.
maior que castelo
quando
me gritar

o grito
maior que mim
me rasga a
voz

mas um
malabarista -

o chão entorta
de bom
de
rodando sim

lembrei que
os urros
e palmas
não falam

quando tu é
sim é eu é
dúvid
é humano

sai luz
colore corpo

precisava dizer
(precisava lembrar)

a gente
é menos
sozinho

quando canta
Por favor,
cem beijinhos.





- não?
a menina
sua boca de baixo
sangrando
UM GRANDE BEQUE
de amor
compro namorada com ouvidos
eu só queria ir pra cama
encher os lençóis de beijo
e beijo e beijo nas saudades

amava ,
o travesseiro transbordando
o cheiro dela
minha fronha querida
injeções de boca

uma vitamina de beijinhos
dou cursos de
ficar nu
tomar banho
coçar
- Quieta!
Me dá a boca.
Agora.
o costume de
deixar sua boca doce

uma vítima
entre lábios de chumbo

que vontade de engolir
os beijinhos, tantos!

mas deixe de
amor
me enrolei na pele dela
quentinho mas
nada

a mulher não tinha cheiro
nudez tão
egoísta
o elefante atômico
em cada pata um já-nem-sei
ela andava torta de desejo
meu amor
isso não são flores
beijava a senhora gorda
desabotoava seu coração
com meus dedos

mas o fecho era na frente
dobrei, bem dobradinho
aquele coração
guardei no meu bolsinho de botão.

A senhora gorda não viu.

sentou em mim,
em cima do meu coração
de frango