insonia saudosa do soumim

bebendo como o velho combustível
falta ouvir radiohead de olhos fechados
e imaginar alguma epifania
e sem isso?
e quando eu deletar essas primeiras linhas?

e quando sobra o tempo, as brechas
uma gotinha de tempo
uma insônia, já que eu desisti de dormir
e daí o que faço
fico tentando pescar pegadas de quem eu sou
de quem eu era
de quem me acostumei a ser
e se eu mudar?
e se eu deixar aqueles sonhos?
estranha liberdade, não por alcançar a lua
mas por pensar noutra coisa...

quem sou então? sem o projeto
de aumentar e publicar os fragmentos
é que me tornara então um grande filósofo
um artista em construção, a promessa
em meus muitos caderninhos
e agora que me enchi
e só vejo tudo como: produção
produzir lentalíssimamente oh meu deus que demora
são dias e dias, tudo é cotidiano
tudo é um imenso cotidiano sem sobressaltos
boto o hélio para dormir e não durmo, fico me revirando
vou tomar cachaça pra ver se me entrego
vou escrever, no teclado; vou digitar palavras, palavras
quebrando linha sem critério

queria mexer uma matemática bem doída, só pra me relaxar
aprender a linguagem simbólica de carroll? acho que é mais burocracia, do que difícil
mas seria legal (bota aí na lista)
acho que estou escrevendo pouco. é bom digitar a esmo aqui nesse espaço
sem muito objetivo. ah estou poluindo
o grande legado do soumim, referência de tantas gerações
com esse desabafo maleditado... mal dito...
o tempo está passando, eu trabalho bastante todos os dias, todos os dias eu trabalho bastante até bastar... o que estou construindo, tomara que seja bom.
estou um tanto sozinho? em que aspecto? nessa insatisfação quem sabe
por que eu não dormi hoje? por que me deixei levar pelo insone?
acho que fumar mantinha uma ilha desse passado, quando tudo o mais dele já tinha ido
e agora fica isso, essa ausência...
talvez porque to trabalhando demais, ralando demais, é bem doido isso, tenho muitas metas. a gazeta ser linda e séria, publicar a sério, o faoro a fundo, e ficar forte e bem, erguer minha casa, a família...
algo sozinho? talvez porque sem vida social, sem ir beber no bar com o amigo, e poder me identificar com alguém... tenho colegas e amigos queridos. mas sou diferente, ao diabo: no que sou, em meus poderes; e na trajetória, as mordidas que carrego, as heranças
aqueles tantos fragmentos de ideias... o sonho de que um dia vou formar o maldito vaso...