Olá de novo
sou mim
ssssou
mimmmm
com papel de parede de bonequinhos
astronauta, planetinhas
eu te abro no firefox e
encho letrinhas, teclas
ficar achando as palavras em série
e daí postar. Imagino ler, e ler, e
postar. Click!
Lição para
guardar à vida
toda. Delicioso
é
surpreender-se
a si mesmo, de repente,
já num rumo, já num ritmo,
numa vida que vai indo, e geringonça
e prafernália
e coisa-doida

derrepente des-sou e sou eu outro.
surpresa
o ano novo

Invado corpo ombros braços sou
como dedos adentrando-me essa
luva
sou uma luva
meu corpo é a luva onde entro
meu corpo é a meia onde entro como um pé
e eu preencho.
Bolinha que
quica
em minhas mãos, ela
sobe
eu salto em seu encalço
golpeio
vai longe! alcance!
e de repente está de volta num
pulo que dei, os dedos voam
espalmo bato me espalhaço
para
nada

ponto do time deles
e eles rodam..


receptividade


eu digo sim
uma planta verde, o caule
vicejando verde verde que
não quebra, elástico
cresço uma alegria amarela,
meu sol da barriga redonda
eu sou um mundo donde
crescem quatro pernas e
quatro braços. Minha seiva
corre de olhos úmidos, as folhas se abrindo
sim! virão machadadas, mas
com meu sol devoro a merda
como adubo para erguer-me
pináculo de seiva verde
lião de vento
trepadeira
como são feitos os dias?
desperto, enrolado nos lençóis de tempo
camadas geológicas se amassam nesse sono inconstante
refluxo do rodamoinho da cama
eu pisco e sou de novo já quem fui dez anos atrás. A página virada
deu a volta, quem diria?
Será esse livro
um caderno de espiral - talvez os relógios são bem certos
com seu eixo no meio. O tempo volta. Tou à beira do comêço dessa vida.
Tava vivendo mas - a página foi, virou.
O tempo muda.
Afastei o cobertor, o quarto
voltei ao travesseiro. Eu sou de novo.
Eu posso?

Mas se a casa é um navio
Então – e a vida
Esse turbilhão de mares ao nosso redor
Ah o tempo!
Que mau tempo
A tempestade

Eu que nunca saí de barco
A singrar mares, eu
Que nunca li os ventos
Eu que temo
A ventania, quando sopra

Ainda assim,
Como a escrita que singra o vazio
Esta casa arrojada, empina-se
Eu marinheiro, lhe ato cordas
Enfuno velas,
Encho a geladeira de comidas

Ah!
O almoço é grande
o atributo
é a letra
mais o tributo