vai! maria antonietaaaa-taratata-tará-tá-tá!!!!!
decapicá decapitá
vai, vai!
marieta-marionetaaaaaa! trá! trá! trá!
Procuro, a brecha, a falha na parede,
na rocha rija que nos impede o gozo,
o vão em que me enfio,
corpo e alma, cunha humana,
cinzel para abri-la e vê-la jorrar.
Completo estou, de fantasmas serenos,
que mais valia partilhar, estendê-los em varal
pelo mundo, em sua trama de arames
que impede a rocha de se fechar.
Mais urgente então, encontrar o ritmo,
e, aos solavancos, fazê-los sair,
um a um: vesti-los de letras, estátuas de tinta,
cristais duros que se encaixam,
tomam rumo, formam-se mosaico
e quebra-cabeça. Nenhum nexo
estas letras em solto, mas o que aprendi:
expandir, multiplicar, deixar o duro ritmo das estacas
tomar conta, e a trama, impossível,
se deixará formar.
na rocha rija que nos impede o gozo,
o vão em que me enfio,
corpo e alma, cunha humana,
cinzel para abri-la e vê-la jorrar.
Completo estou, de fantasmas serenos,
que mais valia partilhar, estendê-los em varal
pelo mundo, em sua trama de arames
que impede a rocha de se fechar.
Mais urgente então, encontrar o ritmo,
e, aos solavancos, fazê-los sair,
um a um: vesti-los de letras, estátuas de tinta,
cristais duros que se encaixam,
tomam rumo, formam-se mosaico
e quebra-cabeça. Nenhum nexo
estas letras em solto, mas o que aprendi:
expandir, multiplicar, deixar o duro ritmo das estacas
tomar conta, e a trama, impossível,
se deixará formar.
Procuro, procuro, a palavra certeira, a frase, o ponto exato do corte-começo do texto. Por onde o que é plano se torna Linha, sucessão,
desenvolvimento, Combustão.
Feito o furo, é só seguir seu percurso, o pior já está feito. Um corte, a caneta fura o papel de repente e a tinta começa a jorrar.
Mas onde deve ser lançado? Onde o furo, onde a brecha, a falha que permite entrarmos, picareta em punho, dentro do quadro?
Estou sentado, pensamentos ao vento, nuvens passam e eu atento, com minha armadilha de pescador.
Lancei um anzol no céu, pra pescar o sol - e de quando em quando, me sobressalto, faço menção de bater a faca: é ali!
mas não, o momento se esvai, ou nada pior que resvalar o cinzel na pedra, riscar o duro. Tomado o ponto falso,
a caneta quebra, a ideia morre... procuro, procuro, o tema, o contorno, a figura falhada que rebenta num fio de pedaços,
tornar-se então isto, um percurso, um gesto, uma jogada de corpo no abismo, um desfiar da nuvem em novelo, algodão,
e esticá-lo, e cozê-lo, tessitura do texto.
desenvolvimento, Combustão.
Feito o furo, é só seguir seu percurso, o pior já está feito. Um corte, a caneta fura o papel de repente e a tinta começa a jorrar.
Mas onde deve ser lançado? Onde o furo, onde a brecha, a falha que permite entrarmos, picareta em punho, dentro do quadro?
Estou sentado, pensamentos ao vento, nuvens passam e eu atento, com minha armadilha de pescador.
Lancei um anzol no céu, pra pescar o sol - e de quando em quando, me sobressalto, faço menção de bater a faca: é ali!
mas não, o momento se esvai, ou nada pior que resvalar o cinzel na pedra, riscar o duro. Tomado o ponto falso,
a caneta quebra, a ideia morre... procuro, procuro, o tema, o contorno, a figura falhada que rebenta num fio de pedaços,
tornar-se então isto, um percurso, um gesto, uma jogada de corpo no abismo, um desfiar da nuvem em novelo, algodão,
e esticá-lo, e cozê-lo, tessitura do texto.
Tenho medo do vento. Pare, vento, de soprar tão forte! As árvores vergam, levadas pelos seus chumaços de folhas, como velas de navio. Não, são os navios que as imitam. Pare, vento, de soprar tão forte! De estalar a casa, e apertar as portas, as janelas. Deixe o que está quieto, estar! Deixe estar! Pare, deus do vento, ó, deus do vento. Parece sempre que tem gente aí. E não terá? Vento! Que susto você me dá! Não consigo o sossego com você soprando! E a casa toda em ruídos. Movimentos. Que fantasmas voam por aqui? E se, e se é certo, e se é justo o inverso, e se são as árvores a soprar e dizer, a espirrar em nós, afoitas e com seus galhos carregam o ar e nos cobrem? O som parece a chuva, tocando gotas nas mil folhas. Mas vem em ondas, emergências, urgências. Como se houvesse Algo que se pudesse fazer. Me deixa à espreita, alarmado, esperando. Esperando nada. Com medo. Medo do vento que sopra tão forte que uiva. Que bate portas e derruba árvores. Que vem do céu! a raiva dos ares. É só o ar, escorrendo de um lado a outro? É mais. É um medo na terra. Um medo do vento que vem invisível com seus dedos de frio nos assustar da cama para esperar, em prontidão, que ele se vá. Que o ar se acalme, que o invisível largue suas raivas e se acomode. Oxalá seja logo. Oxalá dure pouco. E se escrevo, peço, que seja logo. Que o vento volte a dormir, e eu possa, novamente, dormir.
No início só havia gado e galinhas
tudo era prédio, a perder de vista
enorme massa de concreto, e criadouros
dos animais comestíveis. Eis que
principiou a decadência, novas
galinhas transgênicas, voavam, piavam
faziam ninho no topo do edifício
que por sua vez ruía, virava areia. O mar
apareceu dum enorme vazamento
na fábrica de água. Um cano estourado
para horror dos ambientalistas. E o desastre
somente aumentava, e derrubava
parte dos quarteirões bem-alinhados. A praia
começou na portaria, e foi crescendo.
Peixes de aquário fugidos, viraram tubarões,
antes produtos kitsch, de brilhar no escuro.
Muitos robôs perdidos
e corroídos, perigosos, contribuíram
para a selva. Ferrugem, energia solar,
mais uns quantos em coma, vegetativos,
cresceram musgo e fotossíntese, corpos dormentes,
daí veio as árvores. E as galinhas,
de bico cortado, fugiram
nos mais variados estilos, umas
de asa grande, outras correndo, nadando
sobre dois pés, as mais altas,
já nem cacarejavam, riam
os ovos chocando do lado de dentro
criando nos ninhos, de palha, paredes,
até criarem domésticos, uns animais
humanos, de engordar
e comer.
tudo era prédio, a perder de vista
enorme massa de concreto, e criadouros
dos animais comestíveis. Eis que
principiou a decadência, novas
galinhas transgênicas, voavam, piavam
faziam ninho no topo do edifício
que por sua vez ruía, virava areia. O mar
apareceu dum enorme vazamento
na fábrica de água. Um cano estourado
para horror dos ambientalistas. E o desastre
somente aumentava, e derrubava
parte dos quarteirões bem-alinhados. A praia
começou na portaria, e foi crescendo.
Peixes de aquário fugidos, viraram tubarões,
antes produtos kitsch, de brilhar no escuro.
Muitos robôs perdidos
e corroídos, perigosos, contribuíram
para a selva. Ferrugem, energia solar,
mais uns quantos em coma, vegetativos,
cresceram musgo e fotossíntese, corpos dormentes,
daí veio as árvores. E as galinhas,
de bico cortado, fugiram
nos mais variados estilos, umas
de asa grande, outras correndo, nadando
sobre dois pés, as mais altas,
já nem cacarejavam, riam
os ovos chocando do lado de dentro
criando nos ninhos, de palha, paredes,
até criarem domésticos, uns animais
humanos, de engordar
e comer.
Duvida que eu faça um poema?
É assim: teu sorriso gira.
Alguns dizem que é a meia-lua rindo
a simples beirada da lua cheia - eu não.
Sei bem que está ali escondido
um círculo inteiro
rodopiante redemoinho
engolindo navios desavisados;
e que seus olhos são dois torvelinhos
infindos que o cercam;
e fico eu navegando
nos oceanos irrequietos
girando, porque seu sorriso
é a lua cheia escondida
me tragando e me engolindo.
É assim: teu sorriso gira.
Alguns dizem que é a meia-lua rindo
a simples beirada da lua cheia - eu não.
Sei bem que está ali escondido
um círculo inteiro
rodopiante redemoinho
engolindo navios desavisados;
e que seus olhos são dois torvelinhos
infindos que o cercam;
e fico eu navegando
nos oceanos irrequietos
girando, porque seu sorriso
é a lua cheia escondida
me tragando e me engolindo.
ouvido duvida, ouviste a revista? ouriço ou eriça - o urina ouro...
- Olha, você ou viu, ou ouviu.
- Ou vi.
- Espera, você ouviu ou viu? Ou ouviu ou viu! Ou viu ou ouviu - ou viu - ou ouviu; ou viu ou ouviu ou viu ou ouviu ou viu ou ouviu ou viu ou ouviu ou viu -
- Chega que eu intuo tudo telepaticamente
- Ou vi.
- Espera, você ouviu ou viu? Ou ouviu ou viu! Ou viu ou ouviu - ou viu - ou ouviu; ou viu ou ouviu ou viu ou ouviu ou viu ou ouviu ou viu ou ouviu ou viu -
- Chega que eu intuo tudo telepaticamente
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