No início só havia gado e galinhas
tudo era prédio, a perder de vista
enorme massa de concreto, e criadouros
dos animais comestíveis. Eis que
principiou a decadência, novas
galinhas transgênicas, voavam, piavam
faziam ninho no topo do edifício
que por sua vez ruía, virava areia. O mar
apareceu dum enorme vazamento
na fábrica de água. Um cano estourado
para horror dos ambientalistas. E o desastre
somente aumentava, e derrubava
parte dos quarteirões bem-alinhados. A praia
começou na portaria, e foi crescendo.
Peixes de aquário fugidos, viraram tubarões,
antes produtos kitsch, de brilhar no escuro.
Muitos robôs perdidos
e corroídos, perigosos, contribuíram
para a selva. Ferrugem, energia solar,
mais uns quantos em coma, vegetativos,
cresceram musgo e fotossíntese, corpos dormentes,
daí veio as árvores. E as galinhas,
de bico cortado, fugiram
nos mais variados estilos, umas
de asa grande, outras correndo, nadando
sobre dois pés, as mais altas,
já nem cacarejavam, riam
os ovos chocando do lado de dentro
criando nos ninhos, de palha, paredes,
até criarem domésticos, uns animais
humanos, de engordar
e comer.

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