quando nasci
nu
engatinhando leve e
encharcado de frio
com a torrente azul sobre minhas faces
que nem sabia respirar
enxertado numa nuvem viva

quando fugi, em quatro patas
do cone de luz e água
do poço de verde e nada
meus pulmões marinhos
meus dedos de lama

eu engolia azul e fumaça
fantasma
e me vestia de aires crus

lavado dos pés à alma
meus olhos lacrimosos,
meus cortes nos pés,
minha vida,
tudo: enxugado embora

daí então, recém-nascido
pousava os dedos no mundo
gritando: vida!
sou um grão de areia que geme: vida!

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