Verão

Nada parecia mais calmo do que aquele grupo de banhistas tomando sol na praia, meio-dia leve brisa e o mar azul azul azul quando os rangidos da areia esmigalhada sob o pêso dos corpos tornaram-se de repente mais audíveis do que o farfalhar das folhas. Não havia uma nuvem no céu e a baía coalhava de barquinhos, quando mãos imensas romperam a superfície do chão, tragando cangas e braço-perninhas etc. No local só restou um cachorro - cruza de poodle com tapete branco - latindo alarmado: isso não se faz. Dentro, os amigos entreeolhavam-se mudos num imenso salão subterrâneo, enquanto o gigante sorria dentes do tamanho de espaçonaves, afiando talheres para seu churrasco. Infelizmente, não havia saída, nem entrada para os que não sabiam mergulhar no sólido arenoso. Marias-farinha, tatuís, raízes de coqueiro: quando o gigante cortou o dedo e fugiu gritando, coube aos nossos náufragos montar um elevador de bambu e palha, e retomar o lagarteamento litorâneo. Verão.

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