minha cabeça tem como amores platônicos
por se ver linguajeada em papel
mas bem sabe, a afoita,
que pousar em carne lêtrica
envolve dores e desastres.
quem nunca viu dois amantes de amor cego
ao abrirem seus olhos
piscarem duas, quatro, sessenta vezes?
só mesmo a mão,
traiçoeira,
e os braços,
arrebitados,
podem insistir nesta cascata exuberante
no bailado das palavras para a vida
na escrita final sobre folhas de mundo
desenhar destinos na face alheia
frases-beijos numa branca face.
só mesmo o corpo
é forte o bastante
para dançar

Um comentário:

A. disse...

"o sentido (o destino) eletriza minha mão; vou rasgar o corpo opaco do outro, obrigá-lo (quer ele responda, quer se retire ou deixe ficar) a entrar no jogo do sentido: eu vou fazê-lo falar"