cortava papel como cortava vida
rompia,
a tesoura um barulho gostoso
em linhas nunca retas
escorregando, ávida
partindo elos e ligamentos
em muitos;
vulcão de pó

muitos,
e um tapete de recortes
pedaços de vida, palavras
memórias embaralhadas, amontoadas
um labirinto e
a cada lance de dados, o sorteio
uma nova frase se alinhava às já muitas
espontâneas
passageiras
desmoronando ao mínimo sopro de vento

voa papel,
voa e
leva embora a expressão confusa
do meu amor passado
rodopiando, leve folha de outono
perambulando nos aires
que se dobra e suja,
se borra
diz outra coisa
voa

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