li nalgum lugar: "medir o homem por sua sombra"
e o autor achava isso um escândalo (era-lhe só uma idéia).
enquanto eu, na minha insignificância anônima e sombria,
aponto essas bagunças como uma coisa bem gostosa.
ai, os brincares de ver formas contra a luz!
(se tiro as vestes, estou igual: se envelheço, parecido)
minhas sombras tão bonitas acompanham dia;
e noite, tão bonita, persegue sol - ou é o contrário?
quem estudasse esses pretos: não faria cosquinha?
algum dia perceberiam: é nas sombras em que moramos
e de lá (aqui!) fariam "tsc-tsc" com a cabeça
olhando para os tantos que só nos imaginam carnes sólidas de contra-luz, corpos frígidos de luz, de vida sob aquela luz cada vez mais quente até nos secar as salivas e findar as mil safadezas do escurinho.

Nenhum comentário: