teus quadris são círculos
que sempre voltam, girando girando
giros de tontura e eu quase perco o chão com teus quadris
que sempre voltam.
meus lábios embaçados
amo lábios
meus lábios míopes só estão em casa quando pousam em ti.
chovia canivetes - imagine o som metálico da chuva
canivetes abertos, era uma tempestade de perigo.
teus lábios magnéticos
assassinos
me prendiam enquanto minhas roupas gelavam
tua cintura invadia meu abraço frouxo
um prazer confuso
cheio de vertigens e mundos rodando, rebentando
e quando beijávamos então,
o céu se abria, e desabava um rio, e era um fluxo contínuo de brinquedos de plástico se arrebentando no chão com um som ensurdecedor
as bonecas, os triciclos e os caminhõezinhos se partiam, uma cascata de infãncia rompida
sempre que eu te beijava para mim o céu se abria, e quanto mais longos os beijos mais daquela torrente de brinquedos rebentados me invadia,
te beijar tinha essa virtude perversa de destruição.

Um comentário:

.luísa pollo disse...

te beijar tinha essa virtude perversa de destruição
legal