bah,
e quem m'importa com estas lágrimas falsas
lágrimas vendidas que comprei de outros
quem m'importa com os esgares que fizer
e as dores que sentir, à noite
sozinho no escuro
quando me encolher de frio e agarrar os lençóis
agonia fraca
tão previsível - quem m'importa
e minha vida não passa da fofoca mais óbvia de revista
essa história de folhetim
escrita antes mesmo de ser vivida, quando então
meus pés já andam rumos pré-traçados
e cambaleio previsível;
e meu desinteresse por tudo
quando chego à noite e nunca grito que estou vivo
grito muito o 'enfim!' da pressa
os dias escorrem lentos, como a baba que me escorre dos lábios
falta-me o tempo! tudo corrido e lento
porque nem sou eu a guiar, não,
os rumos dos outros, destino dos outros, que dor sentir-se assim
mero joguete de vontades mundanas, gerais
clichê-humano, seguindo dores pré-concebidas
da massa,
não conseguir sentir-se real, verdadeiro
se sobram maneiras de expressar o que vem
ah! que irritação, de não me faltarem palavras para descrever
este tantinho,
cada vez mais minúsculo
pois que tão na boca mastigada do povo

um dia, volto a ser meu

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