por que
ela perguntava
por que
não há porques.
vida maior do que todas as fumaças fracas que nos escapam d'entre os lábios,
como no esforço frágil que fazemos, tolamente, em segurar mentiras -
mas elas voam como moscas sopradas ao vento
por que
ela perguntava
por que
não há porques.
há dor e a correnteza gigante da vida
arrastando tudo que há em seu caminho para o longe, para os longes
como uma boca gigante abrindo-se no horizonte e engolindo meus sonhos,
pelos cabelos, carrapato cósmico enredado em meu couro cabeludo de idéias
a sugar meu sangue e meus pensamentos: titã gigantesco
a puxar-me como fios minha memória, em dor
querendo tragar-me em seu buraco negro tão profundo
por que
ela perguntava
por que
e não há porques.
como uma faca, uma lâmina, uma gilete suicida a cortar os olhos alheios
cortar os olhos como ovos

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